domingo, janeiro 08, 2012

RESENHA DO FILME "MR. JONES"

Por: Dorenice do Nascimento Souza

Mr. Jones título do filme é também o personagem principal da trama interpretado pelo ator Richard Gere, tem como foco principal a abordagem do transtorno afetivo bipolar, transtorno conhecido anteriormente como Psicose Maníaca Depressiva. O Transtorno Afetivo Bipolar recebeu essa denominação por ser considerada uma perturbação afetiva, relacionada ao humor ou afeto não apresentando necessariamente transtornos psicóticos.

Mr. Jones é um homem de 36 anos, charmoso, fascinante e envolvente que ao longo do filme alterna em quadros de euforia demasiada, com quadros de depressão e tristeza. Esta alternância euforia-depressão é o que caracteriza esta patologia. Ele vive em um ritmo acelerado, e age de forma extravagante nos períodos de hiperexcitabilidade, alternando com humor depressivo.

Na fase maníaca, o paciente portador de Transtorno Afetivo Bipolar apresenta sinais e sintomas de resistência ao cansaço físico, aceleração do curso de pensamento, fuga de idéias, hipersexualidade, e irritabilidade. Já na fase depressiva os sinais e sintomas são humor depressivo, alterações de apetite e/ou do peso, e do sono, dificuldades de concentração e pensamentos de cunho negativo, incapacidade de sentir alegria ou prazer, redução da energia, agitação psicomotora ou lentificação, perda de interesse pelas atividades que antes lhe causavam prazer, cansam-se a toa e permanecem na cama por várias horas.

Os reflexos mais típicos do humor depressivo são os sintomas de angústia, tristeza, vazio, desesperança e desânimo. Mais nem sempre a tristeza clássica está presente no episódio depressivo, de acordo com a personalidade o paciente pode não apresentar sentimento de tristeza e concentrar suas queixas em somatizações, em dores e outras queixas físicas, tais como cefaléia, dor de estômago, dor no peito, e tonturas.

A ausência do medo, também é um dos sinais deste transtorno, e fica evidente no filme quando Mr. Jones em uma crise de euforia sobe no telhado de uma construção onde trabalhava sem utilizar E.P.I, anda pelo telhado olha para o céu contempla a passagem de um avião, abre os braços e acha que também pode voar, sem demonstrar o mínimo de consciência do perigo de um acidente fatal, tendo como conseqüência sua internação em um hospital psiquiátrico.

O risco para os portadores desse transtorno é preocupante, pois o senso de perigo fica comprometido e isso faz com que se envolvam em atividades que comprometem a sua integridade física, o que eleva a mortalidade em decorrência dessas demonstrações de coragem, ou por consolidação das idéias suicidas.

A extravagância um dos sinais de mania também fica nítida na cena em que Mr. Jones encerra sua conta bancária, leva a atendente do banco como sua acompanhante e passa a se comportar como um milionário excêntrico. Sua euforia é tão intensa que ele assistindo a um espetáculo sai da platéia, sobe no palco interrompendo o maestro, para reger uma orquestra sinfônica, evidenciando um dos sintomas desse transtorno, como a elevação da auto-estima, sentimentos de grandiosidade, e de habilidades especiais, se considerando uma celebridade. O que resultou novamente em sua internação em um hospital psiquiátrico.

Muitas vezes o diagnóstico desse transtorno é incorreto, Mr. Jones foi internado com o diagnostico de Esquizofrenia Paranóide, por apresentar pensamento delirante julgando que possuía a capacidade de voar. Designada para acompanhar o caso e o tratamento de Mr. Jones, a Psiquiátrica Dra. Elizabeth “Libbie” Bowen, interpretada pela Atriz Lena Olin, ao analisar o histórico do paciente logo percebe se tratar de Transtorno Afetivo Bipolar.

Durante o tratamento de Mr. Jones, a Dra. Elisabeth “Libbie” Bowen, tem um envolvimento amoroso com seu paciente. Por não ser possível continuar como sua terapeuta, a Dra. Elisabeth tenta transferi-lo aos cuidados de outro psiquiátra, resultando na transferência do paciente para outra unidade psiquiátrica e o pedido de demissão da Dra Libbie em razão da quebra da ética profissional.

Durante o processo de transferência Mr. Jones tenta falar com a Dra Libbie, sem êxito. Sentindo se traído passa a partir deste momento a considerá-la como uma pessoa falecida, comportamento já esperado pela doutora.

Geralmente em diversos momentos da vida é natural experimentar-mos uma grande variedade de sentimentos com maior ou menor intensidade. É normal a pessoa ficar alegre com uma promoção no emprego, com uma conquista amorosa, e outras situações agradáveis. Uma pessoa normal também experimenta situações de tristeza e sofrimento depois de um rompimento amoroso, com doença ou morte de uma pessoa querida, ou outras dificuldades. Em situações normais o estado de humor ou de ânimo deve variar ao sabor dos acontecimentos da vida. Pessoas que não sabem lidar com perdas têm problemas de personalidade – Bipolaridade. Nas alterações da afetividade esse estado pode ser chamado de "egoísmo afetivo".

Mr. Jones permanece internado em outra unidade psiquiátrica e ao receber alta médica dirigi-se a casa de um velho amigo para resgatar suas ferramentas de trabalho apresentando um comportamento arredio vai embora sem despedir-se o que faz com que seu amigo entre em contato com a Dra. Libbie, que sai desesperada ao encontro de Mr. Jones impedindo que cometesse o suicídio ao assumir seu amor por ele.

O transtorno bipolar é uma doença relacionada ao humor ou afeto ocorre geralmente na faixa etária entre 20 e 40 anos, e perdura por toda vida. Geralmente os episódios depressivos aparecem primeiro, para muito tempo depois ocorrer o aparecimento do primeiro episódio de mania, podendo cursar com sintomas psicóticos, o que pode confundir o diagnóstico com síndrome psicótica.

Tanto na fase maníaca quanto na fase depressiva o comportamento do bipolar pode trazer conseqüências danosas para a segurança do paciente, e quando não tratado apresenta risco elevado de cometer suicídio.

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